Pular para o conteúdo principal

As vacas de Basã, simbolo de ostentação e opressão ao pobre


Autor Teobaldo Pedro de Jesus.
Basã era uma região pastoril que ficava próxima ao Rio Jordão onde a terra era fértil e o pasto abundante. As vacas que se alimentavam dele eram gordas e robustas. na linguagem profética, assim como as vacas de Basã eram bem alimentadas, as mulheres dos homens ricos e prósperos em Israel eram abastadas e instigavam seus maridos a oprimirem o pobre para manter sua ostentação e luxo.

Nenhuma prosperidade que oprima será válida ou aceitável na visão prática de uma Igreja justa que professe uma fé verdadeira em um Deus que é amor, misericórdia e justiça. Assim como uma sociedade ostentadora que sufoca os pobres pelo exibicionismo e apologia de um êxito material excludente, autopromocional, presunçoso e vaidoso, que pouco ou nada faz pelos mais pobres e excluídos, com o discurso falido de que são fracassados e sem fé, estará na prática divorciada dos valores mais significativos do reino Daquele que se esvaziou de tudo para doar Sua vida em favor de muitos. De todo aquele que n'Ele crer.

As vacas de Basã da modernidade tanto podem tipificar mulheres arrogantes e vaidosas que vivem para si mesmas com suas vaidades prepotentes e uma vida fútil de ostentação material, quanto uma Igreja alienada das reais e mais prementes necessidades do povo ao seu redor, ou mesmo dentro dela, quanto pode, numa visão mais ampla e abrangente tipificar uma sociedade que vive lampejos de prosperidade material, mas que insiste em viver dissociada dessa realidade, ora a ignorando, ora a negando, ora sublimando uma falsa preocupação sob a forma de ações assistencialistas sazonais ou de oportunismo de momento, habilmente disfarçadas de ações de consciência social, quando na verdade visam deduções no Imposto de Renda ou reforçar uma imagem pública dentro da estratégia do politicamente correto.

As vacas de Basã da contemporaneidade estão no mundo inteiro e aqui no Brasil, com o recente "boom" econômico se multiplicaram sob o codinome de novas ricas. Estas completamente alienadas da visão de responsabilidade social, chegam ao absurdo de renegar suas origens, contratando até mesmo "personal stylers ou orientadores de imagem" para construir algo mentiroso sobre si a fim de camuflar um passado de pobreza e exclusão tentando com isso ser inserido no contexto de uma sociedade que se autodenomina como "alta sociedade", a "fina flor de um meio social" ou os "top de linha" da comunidade. Tudo isso na verdade não passa de uma forma de "masturbação sociológica", que gera prazer no indivíduo que acredita nisso e vive essa mentira em si mesmo como se verdade o fosse. É puro engano mental e nada mais.

Pastor Teobaldo - Juazeiro - BA.
**************************************************************

 Abaixo o tema: "As vacas de Basã", é descrito com brilhantismo pelo Pr. Israel Trota.

Vacas de Basã: materialismo e decadência espiritual

"A nação de Israel estava vivendo um período de prosperidade do ponto de vista material. Temporariamente, as guerras haviam cessado. Neste período o Crescente Fértil gozava de uma relativa paz. O Egito mostrava-se um tanto fraco e a Assíria procrastinava o seu ataque e preparava um projeto de conquista. Enquanto isto, o reino do Norte achava-se em seu apogeu no que tange a expansão territorial. Um surto de riqueza havia chegado e se instalado nas terras de Israel, o que, consequentemente trouxe certo conforto aos seus cidadãos. Foi um período conhecido como a “idade de ouro”. A sociedade esbanjava luxo e ostentava pompa. Os homens naquela época saturavam-se na busca do prazer pelo prazer. O hedonismo havia conquistado aquele povo. Tornou-se um império. Procuravam satisfazer todas as suas vontades sem temer as consequências. É neste cenário decadente e sorumbático que aparecem as vacas de Basã.

Tudo parecia normal até que um profeta oriundo de Tecoa surge para perturbar a paz aparente de Israel. Seu semblante rústico chamava a atenção. Não havia estudado em uma escola de profeta. Não era formado. Era vocacionado. Não tinha graduação, mas estava forjado com brio, revestido de convicção e permanecia compenetrado no propósito de transmitir a mensagem de Deus para uma sociedade apóstata. Sua mensagem colide com o senso comum. Eles possuíam prosperidade, mas não tinham espiritualidade. Construíram templos que jamais testemunharam à presença de Deus. A liturgia, embora animada e dinâmica, era vazia e indigente. Os santuários estavam cheios de pessoas vazias de Deus e desprovidas de santidade e glória. Em Betel (Casa de Deus) o sistema de adoração ao bezerro de ouro já durava 170 anos. A casa de Deus tornou-se habitação do bezerro de ouro. A idolatria edificou suas tendas nas terras de Israel. O povo precisava urgentemente ouvir a voz de Deus. Em breve, experimentariam um colapso nacional. A paz, assim como a religião era aparente. Deus levanta Amós. O ex-capataz de gado e condutor de boi agora é profeta do Altíssimo. Embora fosse leigo e não possuía o status de profeta, Amós estava disposto a exercer o ministério sem temer as represálias. Profetizou com vivacidade. Desmascarou uma pseudo-espiritualidade alimentada pelo frenesi de um culto que funcionava como entretenimento. Profetizou para o Rei, para as nações vizinhas, para o sumo sacerdote Amazias. Profetizou para os homens e mulheres de Israel. Chamou as mulheres de vacas de Basã. Um apelido exótico, que traz no seu corolário um tom de reprovação e uma gama de reflexões.

Basã no hebraico significa fértil. Esta era a região que ficava a leste do mar da Galileia, conhecida por suas ricas pastagens destituídas de pedras. As alusões às riquezas e á fertilidade dessa região são freqüentes nas páginas do Antigo Testamento (Dt 32.14; Ez 39. 18; Is 2.13; Zc 11.2). As vacas que ficavam em Basã viviam muito bem, assim como as mulheres do reino do Norte. O profeta denuncia a vida fútil daquelas mulheres. O materialismo havia dominado-as. A nação de Israel estava experimentando uma apostasia e elas permaneciam indiferentes, porque estavam ocupadas demais satisfazendo os seus apetites e caprichos. Eram mulheres sem personalidades. Foram levadas pela correnteza, infeccionadas pelos pecados dos varões. A religião estava decadente, o sacerdócio corrompido, a sociedade dividida, mas elas não se atentavam para estas coisas. Voltavam a sua atenção exclusivamente para a cor do vestido e o trançado dos cabelos que usariam na próxima festa. Estavam ocupadas demais com os seus próprios interesses. Abriam o sorriso quando na verdade deveriam esconder a face no intuito de se quebrantarem diante de Deus. Pisavam em qualquer pessoa no intuito de manter o padrão de vida faustosa. Eram damas nem um pouco gentis. Mulheres fúteis. Jamais tinham trabalhado um único dia, mas tinham tempo de sobra para gastar em seus luxos e festas intermináveis. Eram destituídas de educação, embora se esforçassem no intuito de seguir as regras de etiqueta. Oprimiam os pobres. Ostentavam grandeza. Eram individualistas. A nação estava prestes a experimentar um colapso, mas elas só estavam interessadas em satisfazer os seus apetites. Mulher fútil não é novidade. Já vem desde os tempos de Amós. O profeta declara que Jeová atacaria aquelas mulheres como um pescador que apanha os peixes com os anzóis. Seriam abruptamente arrancadas do seu habitat. Elas seriam vistas como lixo. Seriam arrebatadas da zona de conforto. Trocariam o luxo pelo lixo. Experimentariam o juízo de Deus.

As mulheres Vacas de Basã existem até hoje. Não perderam suas características. Permanecem materialistas. Estão preocupadas exclusivamente com a aparência e nada mais. São fabricadas aos montes, quase que por atacado. Algumas, apesar de viverem em um ambiente cristão, continuam ocas. Assistem cultos e permanecem vazias. Ouvem pregações e continuam ignorantes. A verdade lhes foi obscurecida pelo excesso de materialismo. Preocupam-se demasiadamente com o cabelo, mas não examinam o coração. Algumas parecem manequins robóticos desprovidos de sentimento. Desejam bajulações. Buscam elogios. Querem ouvir palavras que massageiam o ego. Vivem para si e em torno de si. São essencialmente egoístas. O materialismo destrói tanto a nação quanto o ser humano. John Kelmon dizia: “Deus tenha piedade da nação cujas chaminés de fábricas levantam-se mais alto do que as torres da Igreja”. Deus tenha misericórdia das mulheres que cobrem o juízo para descobrir as vestes. Caminham errantes. Cegas, porém com saltos altos. Insensíveis no reino espiritual, detalhistas no que diz respeito às coisas materiais. Deus tenha piedade das mulheres cuja beleza se resume ao exterior. Deus tenha piedade das mulheres que fazem dos corredores da Igreja passarelas de desfiles. Basã, não é apenas a terra da fertilidade, especificamente nesta profecia, é o ambiente da futilidade."

Boa leitura! Espero ter ajudado na compreensão sobre as vacas de Basã.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Somos transportadores de glória ou condutores de conflitos?

   Autor: Teobaldo Pedro de Jesus.  Li o comentário de uma jovem acerca disso e ponderei um pouco. De fato, aqui na Terra como morada do Espírito Santo, somos "transportadores da glória do Pai por onde andarmos" . A pergunta que não quer calar, no entanto é a seguinte: O que estamos fazendo com isso? Muita gente já perdeu a percepção espiritual do que significa levar a glória de Deus através de sua vida por onde andar e passou a confundir isso com mero proselitismo, adoção de usos e costumes ou um "evangeliquês", muitas vezes irritante e completamente distante da prática na vida de quem o usa (e o que os faz parecerem hipócritas - e alguns de fato o são - ao dizerem uma coisa e viverem uma realidade oposta ao que pregam). Para outros um transportador da glória do Pai tem que se manter distante "dos imundos dessa Terra" para "se manter puro e santo". Ao agirem assim incorrem no grave erro se prejulgarem os demais se achando m

Púlpito: Palco de exibicionismo ou altar de transformação?

Teobaldo Pedro de Jesus Para muitos a prática tem sido a primeira opção. Muitos púlpitos se transformaram no lugar da encenação da Graça, da profanação da verdade e da mistificação da fé. Esse local sagrado de onde deveria emanar apenas a palavra, algumas vezes, se torna fonte geradora de ódios, torneira de ressentimentos e mágoas ou alvo de holofotes narcísicos, travestidos de espiritualidade, mas que não passam de neofarisaísmo pós-moderno , cujo objetivo mor é alçar à condição de estrelas pop-gospel seus ocupantes. Talvez por isso o que é mais almejado hoje, em detrimento do conselho do Apóstolo Paulo a seu discípulo Timóteo, não mais a missão do episcopado e pastoreio e sim aposição de destaque no rebanho. Muitos, apesar do discurso, não são mais servos e sim estrelas. Não mais amigos e sim dominadores, apesar de todas as recomendações do Apóstolo Pedro. Quando o púlpito se torna um palco se faz lugar de representação, disfarces e máscaras. A unção é substituída pela at