Jesse
Owens foi um atleta negro norte-americano que disputou os Jogos
Olímpicos de Berlim em 1936 e conquistou quatro medalhas de ouro.
Hitler, “racista até o osso”, ficou possesso de ódio e frustração. O
escritor Roberto Shinyashiki nos informa algo curioso. Segundo ele, o
concorrente direto de Owens era um alemão chamado Lutz Long, cujo nome é
digno de ser citado e lembrado por um nobre gesto de gentileza que
narro a seguir.
Owens,
nervoso, “queimara” os saltos na eliminatória para a disputa da final
no salto em distância. Long teria se aproximado dele e dito que saltasse
apenas o necessário. Owens o ouviu, se classificou e na final levou o
ouro. Long foi o primeiro a cumprimentá-lo tendo ficado com a prata. O
preço que Long pagou foi não ter sido poupado. Levado ao front de
batalha foi deixado na linha de frente e pagou com a vida por sua
gentileza humanitária.
Lendo
isso me pus a pensar na natureza e essência da nossa existência na
vida. Afinal, para que existimos mesmo? Os tempos modernos, permeados de
capitalismo travestido de socialismo democrático, instiga, fomenta,
promove e premia aqueles que competem e “vencem” a despeito dos meios
utilizados para se alcançar tal êxito. Parece que o pragmatismo
humanista que apregoa a vitória do mais forte, do mais esperto, do que
se adapta melhor e “passa a perna nos outros” de forma egoísta e
individualista, o que nos parece é que tal mentalidade prevaleceu sobre
aquela que diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, desejando e
fazendo pelo outro aquilo que gostaríamos de receber estando em seu
lugar. Parece que o Humanismo pragmático venceu... Mas, só parece...
Existem
muitos outros “Longs” pelo mundo afora, desafiando o "establishment”,
ou seja, o poder estabelecido, e dizendo um sonoro NÃO! E o dizem com
atitudes, gestos e ações que empreendem uma forma diferente de ser.
Escolhem amar e serem pessoas que de fato se importem com o outro. Tais
pessoas, espiritual, moral, emocional e a meu ver também
intelectualmente evoluídas de verdade, percebem que num mundo conectado,
onde todos habitamos uma mesma casa chamada Terra, cada vez mais faz
menos sentido essa tola ação individualista, herança maldita de uma
percepção equivocada da filosofia helênica.
É
tempo de revermos conceitos sim e voltarmos aos valores e princípios
antigos. É tempo de retomarmos antigas veredas e (re)instalá-las em nós.
Veredas de um tempo quando o bem maior, o coletivo, o conceito de bem
comum, de onde vem comunhão, eram prioridade na vida relacional. É
preciso que se (re) instale isso em nós com a força da nobreza de quem
de fato se importa, se interessa e quer mesmo ajudar ao seu semelhante. E
mais do que palavras precisamos de ações factuais que expressem por
meio de mudanças e transformações em benefício do outro uma nítida
demonstração de que compreendemos que não estamos e nem somos sozinhos
no mundo.
Igualmente
precisamos de um mundo desprovido do sentimento de revanchismo,
divorciado do desejo de vingança e absolutamente livre do ódio, da mágoa
e do ressentimento. Tais emoções, uma vez instaladas e perduradas em
nós produzem um estrago de longa, quando não permanente, duração. Espero
e desejo, de todo coração, que consigamos evidenciar o SER, o CONVIVER,
bem mais que o TER ou o “APARECER.”
Que
aprendamos com o Mestre do Amor a sermos tal qual Ele o foi e ainda é:
Alguém desprendido em vida, da própria vida em beneficio do próximo e
por amor. Que assim seja. Shalom!
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