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A Indiferença contra Baga, premonição de uma nova ordem?

Teobaldo Pedro de Jesus

O massacre de duas mil pessoas em Baga na Nigéria foi minimizado em importância pela Mídia. O ataque foi obra dos radicais islâmicos do Boko Haram, o que sequestra meninas inocentes, as tortura e que mata cristãos escolhidos seletivamente em seus ataques.

A terceira guerra mundial já começou e nós não nos demos conta disso. Só que ela não é mais de Nação contra Nação e sim de ideologias e visões de mundo divergentes fruto do chamado choque das civilizações. Somente uma ação inclusiva, de respeito e convergência cultural, sem com isso prescindir da liberdade do outro, será capaz de minimizar o efeito disso e até mesmo erradica-lo a médio e longo prazos.

A forma provocativa, ainda que sob a forma de publicações de humor através de charges, só contribui para o aumento desse universo composto por gente ferida e ultrajada na alma, e que por se sentirem agredidos se dispõem a tudo, e contra todos, na defesa de seus valores crenças e princípios, ainda que os contrariando pelo uso da violência.

A forma ostensiva como o massacre em Baga vem sendo tratado revela uma pauta seletiva, excludente e repulsivamente elitista. A morte de europeus brancos, anárquicos e influentes na Mídia é mais interessante por atender a interesses de um segmento em busca de ícones representativos que possam ser alçados à condição de heróis pós-morte, travestidos de mártires daquilo que eles mesmos atiçaram com seus atos. A Charlie Hebdo estava à beira da falência, com uma tiragem de 60 mil exemplares amargava perda de eleitores, acumulava críticas e atraia uma oposição cada vez mais crescente de parte da sociedade que acreditava que suas ideias e a forma de defendê-las era demasiado agressiva e poderia gerar atos de violência desnecessários contra o povo francês. Este libertário nas ideias, mas como outros apavorados com o terror.

A presença de supostos 4 milhões de pessoas na rua foi muito mais induzida e motivada midiaticamente pelo medo de novos ataques que por um alinhamento ideológico aos métodos e ações do Charlie Hebdo. No entanto, a ação dessa massa foi devidamente adequada e ajustada aos interesses de setores que disso se vale para legitimar aquilo que chamam de Liberdade de Expressão, mas que a transgride quando não respeita o igualmente livre direito de expressão de crença aos crentes de diversos credos.


Ignorar ou minimizar o destaque ao massacre de duas mil pessoas negras, pobres e africanas, optando pela ênfase a 12 europeus brancos, de renome e culturalmente influentes é ou não uma forma de elitismo e desprezo àqueles que vivem na periferia do mundo? Observem, por fim, que grande parte dos que são assassinados nesses países são cristãos ou muçulmanos, numa ação de limpeza étnica ou destruição de opositores. O mundo ocidental ”livre” e civilizado a isso tudo assiste de camarote e nada diz ou faz de efetivo para mudar isso.


É necessário que as pessoas livres se manifestem e se expressem condenando toda e qualquer forma de ataque contra a vida, em especial no que diz respeito a atentados motivados por interpretações ideológico-religiosas radicais. O massacre em Baga não pode ser esquecido como o foram inúmeros outros anteriores e nos quais morreram milhares de vítimas inocentes. Je suis Baga, je ne suis pas Charlie. Je suis Chretién. Eu sou cristão!

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