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A espada de Dâmocles e o medo de perder o poder

Teobaldo pedro de Jesus

O medo de uma iminente perda de poder remete à lenda de Dâmocles, um lendário cortesão, que existiu na corte do Rei Dionísio de Siracusa. Um dia o rei propôs a ele a trocar de lugar e ele aceitou. Mas  o rei preparou uma surpresa: Sobre a cabeça de Dâmocles estava uma afiada espada presa por um fio de rabo de um cavalo, que poderia romper de repente lhe decepando a cabeça. Amedrontado Dâmocles desistiu de se ser rei. Essa lenda dá referência aos que em posição de Poder possuem sobre si uma constante ameaça de perdê-lo. Usa-se a expressão de que sobre a cabeça desta pessoa repousa uma espada de Dâmocles, ou seja, há uma constante ameaça de perda iminente do poder.

Essa lenda nos ensina que muitos dos que querem assumir posições de poder, não querem pagar o preço do risco de perdê-lo e serem com isso humilhados, pois sempre existirá, sobre todo que possuir um poder, uma espada de Dâmocles simbolizada na opressão de adversários. Contudo, existem pessoas tão apegadas ao Poder que, mesmo sob grande ameaça e risco, ainda assim se arriscam a serem decepadas no prestígio pessoal e influência social, tão somente por estarem inebriadas com o néctar do domínio sobre outros ou por terem sido picadas pela, igualmente lendária, mosca azul do poder.

Seja nas estruturas sociais, econômicas, religiosas ou na ambiência mais simples e primária, que é a familiar, qualquer um que se deixe dominar por essa falsa sensação de superioridade, controle e domínio sobre outros, poderá se perder de si mesmo, em dignidade e honra, mesmo incorrendo na possibilidade de ser decepado. Amar o poder pelo poder é prova última de fraqueza e pequenez moral. Evidencia uma vida que dá à experiência de domínio e controle a forma de vencer sua “auto-desimportantização”.

Em geral gente assim não tem escrúpulos e nem mede esforços para atingir seu objetivo. Pisa em tudo e em todos, sob qualquer circunstância, com um único e explícito propósito, galgar o poder e assim poder exercer controle sobre os demais na estrutura almejada. Isso desde a gestão de um pequeno orçamento familiar, passando pelas grandes corporações e até as mais altas esferas de poder, econômico, social ou político, sempre haverá guerra de egos, na luta pelo poder, deixando em seu rastro feridos largados ao chão dos relacionamentos e marcados pela mágoa por toda a vida. 

É preciso que se revejam conceitos do que realmente importa mais: Valorizar relações pessoais ou passar por cima de tudo e de todos para alcançar o Poder. Responder essa pergunta resultará, no futuro, em algo que trará saúde ou enfermidade, paz ou culpa. E somente quem for capaz de resolver essa equação pessoal e interior da alma obterá a real felicidade com uma eficiente paz de espírito e auto-realização. Pensemos nisso. 

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