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De Amélia a Anália, a evolução da mulher na sociedade brasileira.

 

É fato inegável que a sociedade brasileira, ainda que aos trancos e barrancos, vem evoluindo pouco a pouco na valorização da mulher e na aceitação do papel e da participação feminina no seio da sociedade em todas as suas vertentes. 

Na música a mulher é cantada de diversas maneiras. Temos as mulheres submissas de Atenas que vivem "pros" seus maridos, para os quais vivem integralmente. Também tem a Amélia submissa "que era mulher de verdade e não tinha a menor vaidade", além da Anália cheia de vontades e determinação, a ponto de se recusar a ir aonde o companheiro queria estar. A música retrata o sentimento das massas e a variação de letras contraditórias entre si nos revela de imediato que há várias visões grassantes entre o povo sobre como seria ou deveria ser a mulher em sua postura, comportamento e participação social. 

Há os periféricos que preferem ver a mulher como mero objeto de prazer sexual e manipulação masculina. Para esses elas "são as cachorras e popozudas". Há os que as glamorizam e as tratam como semideusas sobre a Terra, seres evoluídos que em muito superam aos homens. Para mim é tudo baboseira e não passa de arremedos de conhecimento pseudofilosófico sobre a mulher. 

Mulheres são, antes e acima de tudo, seres humanos, dotados de sentimentos como os homens, vontades, desejos e sonhos. Só que a mulher, através dos séculos foi cerceada do seu sagrado direito de existir, interagir e participar na construção social na mesma proporção que o homem. E por conta disso, inteligentemente, elas foram se adaptando e usando as armas que puderam, sendo a sensualidade e a sedução as principais, delas para ascender e influir socialmente. Não consigo olhar uma mulher e enxergar um ser humano melhor ou pior que o homem. Mais capaz ou inferior. Mas apta ou não para exercer funções. 

Olho as mulheres e, em geral, o que vejo são seres humanos marginalizados por uma cultura social eminentemente machista e dominadora, que lhes negou, por séculos, até mesmo o direito ao prazer, o que as levou à busca desse em outras fontes. Mulher não é objeto, é pessoa. É gente como os homens e por isso mesmo absolutamente capaz de realizar coisas incríveis e surpreendentes, sem que se precise, para isso, destacar o fato dela ser mulher. 

Espero que chegue o dia em que homens e mulheres aprendam a caminhar juntos, como parceiros. Jamais como competidores ou inimigos em constante desafio mútuo. Viva as mulheres, todas elas, e os (poucos é verdade) homens que as compreende em sua inteireza.

Teobaldo Pedro - Pastor, Educador e Psicanalista 

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