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"Zé Padeiro."

Uma lástima! O mundo acorda mais pobre com sua partida. Fiquei sabendo hoje da morte de "Seu Zé padeiro." Um senhor de 85 anos que dedicou a maior parte de sua vida à arte de fazer pães e bolos, alegrando o coração e alimentando os estômagos de gerações inteiras. Sei de uma única família para a qual ele fez o bolo de casamento por quatro gerações. Fez o bolo do casamento da bisavó do Lucas, depois o da filha desta, 19 anos depois fez o da mãe do Lucas. E por fim, já velhinho, fez o do casamento da irmã do Lucas. Era o "boleiro oficial da família." "Seu Zé padeiro", como era carinhosamente chamado por seus antigos clientes - todos depois transformados em amigos íntimos - era reconhecido unanimemente como um artista na arte do relacionamento humano. Era um ser humano muito sensível, educado e atencioso. Estava sempre pronto a ouvir as pessoas e a aconselhá-las pacientemente, com a sua voz calma e firme. Ele bem era mais que um mero fabricante de pães e bolos. Ele era um bom amigo de todos os seus clientes. "Seu Zé padeiro", se casou uma única vez. E foi com a sua amada Gertrudes, que morreu 6 anos atrás de AVC. Com ela teve 8 filhos. E do trabalho humilde tirou o sustento honesto formando todos eles. As 3 meninas se tornaram professoras. Dos 5 meninos, 2 são comerciantes, 1 é médico, 1 é advogado e 1 é economista. Este entrou na política. Estes filhos deram a "Seu Zé padeiro" 23 netos. Hoje todos adultos e formados. Cinco são médicos, 4 são advogados, 8 são comerciantes, 4 são professores universitários e 2 são jornalistas. Destes 23 netos nasceram 8 bisnetos, dos quais 3 já estão formados. Dois são médicos cirurgiões e 1 é engenheiro agrônomo. Os outros 5 estão no secundário, mas já alimentam sonhos universitários. O bisneto mais velho apressou o caso com a namorada e nasceu recentemente Camilinha, hoje com 11 meses, a "tri-neta" de "Seu Zé padeiro". E ele a ama muito! É meus leitores, seu "Zé padeiro" foi um afortunado. Foi amigo de homens influentes e de anônimos. ACONSELHOU A TODOS! A todos ouvia e a todos dava conselhos. Seu nome jamais saiu na coluna social dos jornais e nem foi citado no Rádio ou na Televisão, mas ele existiu e ajudou a muitos. Era um cidadão honrado que cumpria seus deveres e amava a todos. Agora, aos 85 anos, sem escrever uma única linha de um livro sequer, deixou sobre a Terra a História de sua existência gravada na alma, na memória, na vida e enfim nos corações de milhares aos quais ele amou e ajudou. "Seu Zé padeiro" vai deixar saudades! Morreu ontem, em sua cama, cercado de filhos, netos, bisnetos e da tri-neta Camilinha. Ela um dia ouvirá falar do grande homem que foi seu ancestral o "Seu Zé padeiro" e dele sentirá muito orgulho. Morreu "cansado de dias", honrado e amado por muitos. Vai com Deus " Seu Zé padeiro..." Ah! A propósito, ontem também morreu outro grande homem. Um certo Gabriel Marques.... Você já ouviu falar dele? Era colombiano, jornalista e escritor. Vai com Deus também, "Seu Gabo". A vida é assim! Uns serão lembrados outros não. Também morreram outros famosos e morrerão outros que serão manchetes de jornal. Quem sabe até mesmo eu ou você que está lendo esse texto agora.

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