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Ética, neo-moralismo e liberalismo moral: Para onde irá o cristianismo?


Autor: Teobaldo pedro de Jesus

Perguntaram-me o seguinte:  Qual a sua opinião a respeito das consequências pós-modernas na atividade do cristianismo (generalizado enquanto ideologia religiosa e prática de fé) no ocidente? Eis a minha resposta abreviada.

Enquanto forma de contextualização ideológica é aceitável que a Igreja se adapte aos novos tempos da chamada pós-modernidade, pois "quem não se adapta morre". Isso pode se aplicar desde novas visões e abordagens acerca dos usos e costumes, da linguagem, liturgia e coisas assim, as quais mudam a cada salto de gerações.

No entanto, quando esses pressupostos carregam implicitamente uma imposição de relativização dos conceitos e valores axiomáticos da fé e teologia cristãs, aí eu me oponho de modo veemente a isso. Fico com a Palavra que diz: "Passarão os Céus e a Terra, mas as minhas palavras não passarão". Isso disse aquele que é o Senhor de nossas vidas e nelas me firmo.

Vejo que há nos nos nichos ditos cristãos - e isso percebo de um modo cada vez mais e evidente -, uma crescente tendência de liberalismo relativista em uma flagrante tentativa de parecer politicamente correto, ser aceito e admirado por uma sociedade moralmente decadente e a qual, ainda que fundada conceitualmente sob valores judaico-cristãos, foi edificada institucionalmente dentro de premissas da civilização greco-romana, o que acaba por produzir uma forma de esquizofrenia social que dilui valores, empobrece crenças e minimiza a importância e influência de valores morais numa sociedade cada dia mais permissiva e relativista. 

Nossa Teologia vem sendo destroçada e destituída do profetismo contextual que deveria ter, para se tornar em mero instrumento de manipulação ideológica, ora de direita, ora de esquerda, conforme os interesses pessoais ou particulares de cada um. Basta lembrar que toda a Teologia Ocidental foi e é firmada sob a ideologia da Suma Teológica de Tomás de Aquino, um teólogo católico, Mestre da Escolástica (que foi o casamento ideológico híbrido entre a Filosofia e a Teologia), e seguidor de Anselmo de Cantebury, numa época de trevas e aprisionamento do saber humano. 

Da obra de Aquino nasceu uma forma de interpretação exegético-hermenêutica a partir do uso da Lógica de Aristóteles, de quem ele era admirador. Isso reduziu grande parte do pensamento da Teologia Ocidental a um mero exercício de elucubrações racionalistas que prescinde o componente sobrenatural e o seu resultado é que as correntes surgidas a partir daí levaram a Teologia para um travestismo ideológico que exclui a sobrenaturalidade da Revelação e superestima a visão e o livre pensar teológico, sob um forte lastro de influência da Filosofia. A meu ver isso empobrece a capacidade de interpretação e viabiliza a aplicação de uma visão essencialmente humanista, esta mais voltada para o saber filosófico (que tem seu valor mas em muitos instantes se opõe ao pensar cristão), do que para um pensar teológico. Um tema abrangente e desafiador.. Shalom!

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