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A quem você cultua quando vai ao templo adorar?


Autor: Teobaldo Pedro de Jesus

Há uma enorme confusão nos dias de hoje acerca da real natureza do culto cristão. A moda agora é centrar tudo no homem, em detrimento da proclamação de um Evangelho centrado na Graça. O que importa é apenas "ter cultos alegres e animados no qual as pessoas, em especial os visitantes e possíveis futuros convertidos da Igreja, se sintam bem e saiam com gosto de 'quero mais', voltando no culto seguinte." Seria cômico se não fosse trágico, mas é um fato.

O Antropocentrismo (o homem no centro) derrotou o Cristocentrismo em muitos cultos cujas liturgias são exclusiva e quase unicamente voltadas para agradar, atrair e segurar pessoas na Igreja. Jesus virou mero acessório ou citação que respalda palavras de otimismo e de vitória (nada contra isso, mas não cabe seu uso como um fim em si mesmo), travestidas ou disfarçadas de ensino bíblico. Que triste realidade constatar isso, Daí eu pergunto: Afinal, a quem adoramos: Ao Cristo ressuscitado ou ao Espírito Santo? A quem invocamos e chamamos de "Pai": Ao que nos criou à Sua imagem e semelhança ou ao Filho que nos redimiu da condenação do pecado? A quem pedimos que nos guie e oriente nas escolhas e decisões a cada momento: Ao Espírito Santo ou a algum "santo protetor?"

A concepção moderna da doutrina da Trindade é uma herança teológica do teólogo da Idade Média, Tomás de Aquino, autor da "Suma Teológica", matriz doutrinário-teológica da fé católica moderna. O fato dos reformadores serem ex-padres fez com que conceitos considerados corretos, sob a ótica da hermenêutica e exegese bíblicas, perdurassem no arcabouço teológico após a Reforma. Nesse contexto, a doutrina da Trindade não criou "três deuses" e nem "um Deus de três cabeças". Ela estabeleceu um "up-grade", um avanço, na compreensão da Revelação de Deus ao homem. Hoje compreendemos melhor Sua relação com o homem e sua tríplice manifestação, embora sendo UM, em momentos e circunstâncias específicas de sua interação com os humanos.

Ele é o Deus que sendo em essência "Espírito e sendo igualmente Perfeito e Santo", "pairava" sobre o caos onde existia "o nada", antes que qualquer coisa viesse a Existir. Essa é a Sua essência: Deus É Espírito! Porém, um belo dia em Sua existência Eterna Ele decidiu ser Criador e portanto "Pai" de todas as coisas que vieram a existir segundo a Sua vontade pela Palavra liberada por Ele mesmo que simplesmente disse: "HAJA!" e as coisas vieram a existir "desse nada". Isso fez d'Ele o Pai de todas as coias e de todos. Mas também Ele é O que percebendo a queda do homem fez humana parte da Sua essência que é a Palavra pela qual Ele tudo criou, na consubstanciação desta Palavra Criadora e sob a forma de um homem, santo, puro, justo, perdoador e Salvador da humanidade. O Verbo, que é a Palavra viva em ação, se fez carne assumindo a forma humana que não tinha antes para assim se identificar com a humanidade de quem se fez Filho e se tornou o seu ÚNICO Senhor e Salvador.

Desse modo, no culto devemos: Invocar ao Espírito Santo (e aqui invocar é chamar para perto de e sobre si a influência de um espírito), exaltarmos (ou seja engradecemos) e glorificamos ao Filho (o qual a Palavra diz que é quem deve ser glorificado, pois o Pai assim estabeleceu) e Adorarmos ao Pai que tudo fez e mantém com Seu amor.

Ocorre que cada grupo se reúne, ainda que em sinceridade, e mal lê a Bíblia ou a interpreta direito, optando por viver ao sabor da mistura da fé cristã com superstições populares, misticismo e visões teológicas embasadas apenas na experiência pessoal extra-bíblica (nas quais o homem é o ator principal na cena e não Cristo) ou cedem a uma fé misturada pelo sincretismo evangélico-secular-pragmático-mistico, da moda do momento (e não pára de surgir modas e invenciones extra-bíblicas "respaldadas" em interpretações rasas, frágeis e heréticas das Escrituras Sagradas).

Cultue ao Deus Vivo. Adore ao Pai de amor que nos criou, glorifique ao Filho, ao Jesus Amoroso e Fiel, nosso Salvador e Rei e invoque ao seu Santo Espírito Consolador para que Ele te guarde, guie e livre do mal. Torne a liturgia do culto absolutamente cristocêntrica, assim como a sua vivência diária também deve ser. Com Jesus no centro da nossa vida, nós O glorificamos, engradecemos devidamente ao Pai e invocaremos ao Seu Santo Espírito para que nos guie, oriente e ensine todas as coisas que d'Ele precisamos receber, aprender e executar, pois "é Deus quem opera em nós o querer e o efetuar." E que o Senhor Jesus seja o teu Universo, o centro da tua vida, hoje e para todo o sempre. AMÉM!

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