Pular para o conteúdo principal

O Fio de Ariadne

Autor: Teobaldo Pedro de Jesus
 
Ariadne era filha do Rei de Creta. Teseu, seu amado, entrou em um Labirinto, espécie de beco sem saída, para matar um monstro chamado Minotauro. Ninguém jamais fugiu do labirinto e ela então teceu um novelo feito com seus cabelos e entregou a ele para marcar o caminho de volta. Seu amado matou o monstro que devorava jovens e conseguiu refazer o caminho de fuga através do fio de Ariadne.
 
Tomando essa lenda como referência proponho às pessoas que se perderam de si mesmas - errando o caminho da decência, da ordem, do auto-respeito e da moralidade pessoal - a encontrarem em si próprias sinais que indiquem pensamentos, sentimentos ou valores que ainda sobrevivam e persistam dentro de si e que a partir destes refaçam o caminho de volta à sua própria essência interior perdida ou corrompida.

 
Isso tornará possível a reconstrução do aparato moral e emocional corrompido, deteriorado, desvirtuado ou destruído pela entrada de invasores ideológicos que minaram e solaparam toda a base interna construída na vida dessa pessoa.

 
Creio que, por mais que alguém se perca do caminho da sua própria essência de alma, sempre sobram resquícios da personalidade ferida e conspurcada, os quais podem ser usados como base para refazer o "DNA" destruído na estrutura formadora da alma.
 
Sei que minha fala pode parecer dissociada, desconexa, errática e sem sentido. No entanto, se ponderarmos com bastante calma perceberemos, por exemplo, que mesmo adultos ainda restará dentro de nós muito da criança que fomos um dia, sobrevivente, interferindo de forma incomodativa e decisiva em nossas ações, reações ou relações.
 
Por outro lado, aponto algo mais. Assim como o fio de Ariadne foi fundamental para Teseu fugir do Labirinto onde matou o monstro que vivia lá, de igual modo precisamos encontrar derrotar nossos "monstros interiores" e em seguida rompermos com o labirinto que nos aprisiona, limita e escraviza. Precisamos achar o caminho de fuga dos monstros internalizados em nós, mortos ou não.
 
 
Sim, monstros! Chamo assim aos medos limitadores, aos fatores destruidores de princípios e valores, estes outrora tão caros em nosso ser, mas que após recebermos influências externas,  ideológicas ou por meio de sensações, foram se desfazendo em nós, ruindo estruturas, e os levando a perderem força ou relevância em nossa vida, passando a serem vistos como relativos, não-essencial e irrelevantes.
 
É possível reencontrar o caminho de volta para a luz, fora do obscuro da alma, esta aqui representada no Labirinto do qual não se foge. Nossas prisões interiores, não são becos sem saída e sim oportunidades de nos reavaliarmos, nos refazermos e sairmos desse universo interno de autoaprisonamento emocional como pessoas melhores, mais fortes, valentes, prudentes e capazes de lidar com a adversidade sob um prisma de maior maturidade, compromisso ético e sobretudo sinceridade e verdade, tanto para consigo mesmo quanto para com os outros.

 
Eu acredito que a fuga da prisão da alma é possível. Basta acreditar e encontrar "o fio de Ariadne" dentro de si mesmo. Que o bom Deus e Pai de todos nos ajude nessa procura, assim como na fuga daquilo que nos limita, escraviza e adoece por dentro, impedindo que sejamos livres e felizes. Shalom!
 
Pastor Teobaldo - Juazeiro - BA

Comentários

Postar um comentário

Leia, comente e compartilhe com amigos

Postagens mais visitadas deste blog

Somos transportadores de glória ou condutores de conflitos?

   Autor: Teobaldo Pedro de Jesus.  Li o comentário de uma jovem acerca disso e ponderei um pouco. De fato, aqui na Terra como morada do Espírito Santo, somos "transportadores da glória do Pai por onde andarmos" . A pergunta que não quer calar, no entanto é a seguinte: O que estamos fazendo com isso? Muita gente já perdeu a percepção espiritual do que significa levar a glória de Deus através de sua vida por onde andar e passou a confundir isso com mero proselitismo, adoção de usos e costumes ou um "evangeliquês", muitas vezes irritante e completamente distante da prática na vida de quem o usa (e o que os faz parecerem hipócritas - e alguns de fato o são - ao dizerem uma coisa e viverem uma realidade oposta ao que pregam). Para outros um transportador da glória do Pai tem que se manter distante "dos imundos dessa Terra" para "se manter puro e santo". Ao agirem assim incorrem no grave erro se prejulgarem os demais se achando m

Púlpito: Palco de exibicionismo ou altar de transformação?

Teobaldo Pedro de Jesus Para muitos a prática tem sido a primeira opção. Muitos púlpitos se transformaram no lugar da encenação da Graça, da profanação da verdade e da mistificação da fé. Esse local sagrado de onde deveria emanar apenas a palavra, algumas vezes, se torna fonte geradora de ódios, torneira de ressentimentos e mágoas ou alvo de holofotes narcísicos, travestidos de espiritualidade, mas que não passam de neofarisaísmo pós-moderno , cujo objetivo mor é alçar à condição de estrelas pop-gospel seus ocupantes. Talvez por isso o que é mais almejado hoje, em detrimento do conselho do Apóstolo Paulo a seu discípulo Timóteo, não mais a missão do episcopado e pastoreio e sim aposição de destaque no rebanho. Muitos, apesar do discurso, não são mais servos e sim estrelas. Não mais amigos e sim dominadores, apesar de todas as recomendações do Apóstolo Pedro. Quando o púlpito se torna um palco se faz lugar de representação, disfarces e máscaras. A unção é substituída pela at