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Não basta ganhar almas. É preciso fechar a porta dos fundos


Autor: Teobaldo Pedro de Jesus

 
É considerável o número de convertidos nas Igrejas que se desviam, e a maioria, em tempo recorde, atraídos pelas banalidades e tentações do mundo. Isso me faz lembrar da parábola do semeador na qual o Senhor Jesus descreve quatro tipos de solo representando o coração humano, sendo que destes apenas um é frutífero e permanente na conservação do que foi plantado e sua consequente frutificação. A boa notícia nisso é que dada a fertilidade do solo a produção será enorme e surpreendente. À luz desse texto apenas 25% dos que se aproximam d'Ele e de sua Palavra permanecem em crescimento, frutificação e fidelidade contínuos. 

Outro fato a ser observado é que o número de convertidos na Igreja Evangélica Brasileira vem caindo. Isso é um fato notório, a despeito dos críticos dessa opinião. E isso se deve a algumas variantes que não podem ser desconsideradas. 

A primeira delas é que muitos estão apenas aderindo, mudando de Igreja por modismo e não por experimentar uma profunda e real mudança de vida, um novo nascimento verdadeiro em Cristo. E isso é reforçado por um discurso muitas vezes exageradamente apelativo, fortemente carregado de emoção nas músicas e propostas de êxito que permeiam a maioria dos púlpitos.

A segunda causa disso é que as Igrejas, ainda que alguns se esforcem muito para diminuir isso, não estão consolidando bem o fruto colhido. Isso significa dizer que há grande alegria na colheita e com o passar dos dias, semanas, meses e anos o amor em manter firme o que foi conquistado vai arrefecendo ao ponto de ausências nem serem mais notadas ou sentidas.

Uma terceira coisa é o crescente "troca-troca" de Igrejas. Refiro-me às pessoas que não criam raízes em nenhuma Igreja por longos períodos e vivem trocando de comunidade com uma rapidez surpreendente. Há um crescente proselitismo competitivo entre Igrejas, que agem entre si como agem empresas concorrentes ou times adversários na cooptação, respectivamente, por clientes ou atletas. Alguns desses expressam sinceridade na intenção de fé, mas também demonstram confusão na busca por um lugar onde se sintam felizes e realizados. Isso parece sugerir que o bem-estar pessoal, o ego satisfeito, o ambiente, a equipe eclesiástica, a metodologia, a liturgia e a estrutura, prescindem a graça de Cristo revelada em Sua Palavra e manifestada pelo agir silencioso e intrínseco do Espírito Santo.

Uma quarta razão vem a ser a APOSTASIA em cumprimento a uma profecia de Cristo: "E por aumentar a iniquidade(maldade no mundo), o amor de muitos esfriará." Esse aumento da iniquidade se dá em dois níveis. Primeiro pela pessoa que pratica a iniquidade e acaba esfriando na fé. Segundo por aqueles que observando o avanço da iniquidade no mundo perdem a esperança e se desviam da crença de que o Evangelho possa mudar o mundo e a vida das pessoas. Em ambas situações a iniquidade se internalizou nessas pessoas.

Uma última razão, dentre inúmeras que eu poderia pontuar a seguir, é a realidade da frieza de alguns púlpitos. O conhecimento secular invadiu muitas Igrejas e uma espécie de Humanismo Secular Cristão, tem tornado a mensagem cristã exageradamente relativista, mundanizada em nome da contextualização e antropocêntrica ao extremo, tirando Cristo do centro para por o homem e suas necessidades prementes em primeiro lugar, fazendo com que Cristo seja mero coadjuvante no teor das mensagens, malevolamente transformadas em discursos de natureza filosófica-social e de transformação da realidade pelo mero agir do homem, com suas potencialidades, em detrimento do agir de Deus com Seu amor e Graça.

Enfim, é preocupante e entristecedor perceber tal realidade. Porém, é também instigante e desafiador para os que querem realmente fazer a diferença em sua geração. É tempo de AVIVAMENTO. De reacender a velha chama que se apagou. A chama do primeiro amor, da paixão por Cristo e da busca por vidas. Do discipulado que transforma pelo Evangelho de Cristo e de um viver sob um constante derramar de unção e agir sobrenatural de Deus em nós. Pensemos e oremos por isso. Shalom!
 




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