Autor: Teobaldo Pedro de Jesus.
Trocar a busca da Justiça pela adulação ou bajulação aos "poderosos" deste mundo é o que mais se tem visto nos últimos tempos em quase todas as esferas da cena social brasileira. Vivemos a subcultura do jeitinho, aquela em que todos devem buscar levar alguma vantagem sobre o outro ou em alguma inusitada situação. Essa forma de ser e agir tem tornado o brasileiro, década após década, em um povo relativista, superficial e, em muitos aspectos, individualista. Não éramos assim, mas estamos nos tornando.
A prosperidade econômica trás consigo a vaidade, o consumismo e o desejo, quase incontrolável, de se preservar o que foi conquistado, não importando como isso chegou até nós. Com raras exceções, hoje em dia o que se percebe é a evolução de um conceito e uma compreensão equivocada de que uma pessoa bem sucedida é aquela que acumula bens e dinheiro. E por conta disso a cultura do SER tem sido, gradativamente, suprimida pela cultura do TER. E quem adota esse tipo de conduta, inevitavelmente, se tornará frio, indiferente, egoísta e desapegado. A lei vigente atualmente parece ser a que está contida no provérbio popular que diz: "pirão pouco, meu bocado primeiro."
Na sequencia desse comportamento egoísta, e algumas vezes ególatra, surge o culto a si mesmo ou à própria personalidade, sob uma forma mascarada de autodivinização do ser envaidecido e embevecido com a própria existência, conquistas e sucesso aos olhos do mundo. Estes, ainda que disfarçadamente, abdicam da crença em Deus e da prática da fé n'Ele - isso ainda que muitos teoricamente confessem crê-lo, mas em suas ações O neguem como Ser Autoexistente e a Quem deveriam ter temor.
A falta de um senso moral de responsabilidade social, assim como o de autorresponsabilidade, para o estabelecimento da Justiça sobre a Terra e na vida dos homens, vem afastando o homem da busca da Justiça, e isso em decorrência de um desapego continuado, progressivo e sorrateiro, muitas vezes camuflado de conhecimento e intelectualidade, porém sem Deus e o qual em essência O negam como Soberano e Senhor em suas vidas, adotando práticas nas quais insistem por rejeitarem a autoridade de Sua Palavra e a força dos Seus valores estabelecidos para os que praticam a fé como estilo de vida e n'Ele creem.
Jesus ensinou que precisamos buscar a Justiça em tudo. Contudo, muitos optam pelo silêncio conivente, COVARDE, omisso, conformista, não reacionário e que aceita a inverdade, que é a MENTIRA, o maltrato, a violência, o descumprimento de promessas assumidas, o desprezo aos mais pobres e a corrupção, como sendo toleráveis ou males necessários e inevitáveis numa sociedade que cresce demograficamente e evolui urbanística e politicamente. Tais considerações só confirmam a consolidação de uma mentalidade alienada e alienante, mesmo se achando superior e avançada, desprovida de senso critico capaz de gerar a INDIGNAÇÃO diante de ações que nos sejam social, política ou economicamente nocivas, tais como crimes hediondos ou práticas imorais que atentem contra o bem e o interesse comuns.
Para vencermos a omissão e derrotarmos a injustiça precisaremos nos reconectarmos, de novo, com o sentimento de indignação que gera uma natural e espontânea reação. E o que dela frutificará será a busca por mudanças tangíveis e reais na transformação da sociedade, das relações e do meio em que vivemos, os tornando mais dignos, aceitáveis e apreciáveis a todos.
Por outro lado, o indiferentismo, a apatia e a frieza moral adotados por muitos, ante a realidade grotesca da realidade da vida que muitos levam e a ação dominadora, manipuladora, corruptora, e até mesmo destruidora, dos que se julgam e agem como se fossem os "donos do poder e das pessoas", flagrantemente revelam que os omissos se isolam ou ignoram a injustiça apenas para se protegerem no contexto social em que vivem, ou por mera indiferença e omissão que busca somente proteger interesses pessoais, menores, mesquinhos e particulares. Isso, cedo ou tarde, redundará em uma contrarreação a qual, como um bumerangue, recairá com força total sobre a mesma sociedade que rejeitou a justiça.
Quem não se indigna perdeu a capacidade de lutar pelas coisas mais essenciais ao ser humano: A luta pela própria felicidade, justiça, igualdade e liberdade, todas elas frutos da fraternidade de quem se importa com o outro e também elementos fundamentais à boa existência do ser humano na Terra. Reaprendamos, pois a chorar com os que choram, nos indignarmos e reagirmos contra a injustiça. Sempre com decência, ordem e respeito, porém sempre o fazendo com transparência, sinceridade em tudo, firmeza, determinação e coragem. Sempre nos colocando ao lado da VERDADE E NOS REGOZIJANDO COM ELA.
E não nos esqueçamos de que quem se alia à VERDADE, JAMAIS SERÁ UM DERROTADO. Ainda que morto seja por lutar pelo que é justo e correto. Lembremos de outro sábio conselho do Mestre Jesus que diz: "Bem aventurados, os que têm fome e sede de Justiça, pois serão saciados."
IN MEMORIAN do jovem Pr. Mário Sales, assassinado ao ser confundido com um bandido.
Pastor Teobaldo - Juazeiro - BA
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