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A Cama de Procrusto e a vaidade sádica da intolerância.

Autor: Teobaldo Pedro de Jesus.

O Mito de Procrusto ("o esticador") envolve uma visão acerca da intolerância humana. Ele é um personagem da Mitologia Grega. Diz a lenda que ele era um bandido que possuía uma cama feita no seu tamanho exato. Nesta ele deitava seus hóspedes, que teriam que se adaptar exatamente a ela. Quem fosse maior teria parte dos membros inferiores amputados e os menores eram "esticados" até que se ajustasse ao tamanho da cama. Ninguém jamais se ajustou ao tamanho da cama do sádico torturador Procrusto, pois ele possuía duas camas de tamanhos diferentes. Ele saciava seu sadismo encaminhando a vítima para uma cama à qual não se encaixaria, exceto sendo torturada, ferida, marcada para sempre e assim ajustada sob enorme dor, perda e sofrimento.

É exatamente nisso que reside a intolerância: Na dificuldade de aceitar conviver com o diferente. Tolerância não é concordância, é respeito ao outro com suas ideias e escolhas, mesmo que contrárias às nossas. Quando queremos que o outro se ajuste ao nosso modo de ver, conceber e entender as coisas e não nos conformamos com o diferente, a opinião ou ação que difere da nossa, surge a intolerância. E disso nascem conflitos ideológicos os quais muitas vezes dão à luz conflitos físicos que resultam em vários tipos de morte, desde a relacional-emocional até à morte física, gerada a partir da dificuldade de aceitação do outro.

Somos uma civilização global e portanto, plural. Aprender a conviver em sociedade implica compreender que pessoas podem pensar, ser e agir diferente de daquilo que entendemos e aceitamos como certo. Isso não significa que terei que aceitar o modo de pensar, ser e agir do outro, pois tenho legítimo direito de me opor ideológica e conceitualmente a qualquer ideologia. Contudo, isso deve correr no ambiente do debate de idéias que afloram sob um contexto de respeito mútuo onde prevalecerá aquele que tiver maior e melhor poder de articulação e argumentos.

Não haverá vencidos ou vencedores enquanto prevalecer o debate sadio, adulto e responsável, com a troca de ideias, e não de farpas movidas por motivações passionais. É possível sim, e siso não é utopia, se conviver no mundo desse modo.

Não há um indivíduo mais perigoso a ser temido do que aquele que possui o poder das ideias e dos argumentos que desconstroem os fatos. A esse sim, se deve temer. Portanto, use o poder das palavras e a mobilização da articulação social, como agentes de transformação social, mas sem desrespeitar, ferir, magoar ou desprezar o outro apenas porque pensa, sente ou age diferentemente de você. Pensemos nisso! Shalom!


Pastor Teobaldo - Juazeiro - BA

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