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Aprenda a ouvir aquilo que não é dito.

Autor: Teobaldo Pedro de Jesus

Uma das formas mais sinceras de se comunicar A VERDADE é através de ações inconscientes geradas por uma mente que no íntimo não deseja mentir ou se diverte com o sentimento de que jamais será descoberta naquilo que de fato é, pensa ou deseja. O verdadeiro ser interior, às vezes, se comporta de forma superior achando que não será descoberto e ri da cara da gente, ainda que isso se dê, na maioria das vezes, sem que a pessoa o perceba ou deseje num nível consciente daquilo que dizemos sem que utilizemos as palavras para isso. Na verdade todos nós seres humanos somos assim, em alguma instância ou circunstância de nossa breve e única passagem existencial pelo Planeta Terra.

Nós falamos através do corpo, da gestualidade, do olhar, de um sorriso involuntário de canto de boca, de uma negação, uma afirmação ou autodefesa compulsiva, um engolir em seco, um piscar compulsivo de olhos, um desvio de olhar, um tossir incontrolável e etc. O corpo fala, assim como o silêncio, a rispidez, a frieza e a indiferença relacional também.

Somos controlados por nosso inconsciente o qual, algumas vezes, deseja nos por em situação de exposição acerca do que é verdadeiro. O nosso ser íntimo, vamos coloquialmente chamá-lo assim, deseja muitas vezes que a A VERDADE venha à tona para que tenha liberdade de fazer aquilo que o satisfaz sem amaras limitadoras. E por causa disso ele tenta nos expor e sabotar. Seu desejo é que a verdade uma vez exposta não torne mais necessário o uso de mascaras comportamentais nas relações sociais e interpessoais. E é exatamente nesse ponto que me refiro sobre a necessidade de aprendermos a "ouvir o que não é dito". Seja numa sessão terapêutica, numa conversa entre amigos ou em um encontro de aconselhamento, coletivo ou individual, precisamos estar atentos ao detalhe, pois este nos revelará muito mais da pessoa do que aquilo que ela de fato conseguirá dizer.

Mas porque isso ocorre? Na maioria das vezes é por medo. medo de ser incompreendido, rejeitado, criticado, abandonado, exposto publicamente e por aí vai. Não fomos gerados para lidar com a rejeição, por exemplo. E esta é a raiz primária de todos os nosso traumas ou afetos os quais nos paralisam a alma, neurotizam o ser e problematizam as relações.

Em algumas outras circunstâncias Ocorre por uma análise fria e calculista da realidade. Há quem pese na balança das perdas e ganhos o que vale a pena ser exposto ou não. Percebem que se disserem tudo o que sentem, pensam ou como hoje veem o mundo isso lhes trará prejuízos em diversas áreas, desde as suas relações coisas e familiares aos seus envolvimentos e negócios empresariais.

É exatamente por causa disso, por exemplo, que homens que não amam mais as suas esposas passam a manter amantes para que a postura de "homem de família" seja mantida e seus negócios e reputação social, ainda que aparente e hipócrita, sejam mantidos intactos, pois perdê-los lhe representaria um grande prejuízo moral, social e financeiro. Por essas mesmas razões diversos profissionais e homens comuns, em diversas áreas de atividade humana, incluindo aqui a religiosa ou melhor dizendo profissionais religiosos, mantem uma atitude de homens e mulheres de Deus como mera fachada a fim de não perderem o que conquistaram.

Aprenda a ouvir melhor o seu interlocutor.Esteja mais pronto para ouvir do que para falar. Observe-o enquanto fala. mas não o fala de uma maneira presunçosa, superior, arrogante e manipuladora. Faça-o movido pela força mais sutil e transformadora da História: O poder do amor. Não um amor retórico que acaba por se tornar em arma de manipulação, controle e domínio de um ser humano sobre o outro - e as religiões estão cheias disso e de gente assim - mas sim o amor do qual Jesus falou.

O amor que atrai é aquele que se importa, recolhe, acolhe, ouve, orienta e participa da reconstrução de um ser, outrora desistido e desviado de seus conceitos e valores, mas que por meio da força e do poder do amor pode ter se reencontrado, primeiro consigo mesmo e depois com Deus em sua vida. Pense nisso e da próxima vez que for escutar alguém, ouça mais e fale menos. Eu estou tentando aprender a fazer isso. Tente você você também. Shalom!

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