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Quando a alma dói

Autor: Teobaldo Pedro de Jesus

Pessoas doloridas na alma são aquelas exageradamente sensíveis a palavras, gestos e atitudes. São as que foram marcadas pela vida, de um modo tão ruim e negativo que trazem dentro de si a marca da rejeição, da dor e da solidão de uma forma bem gritante. Quem se sente assim precisa de amparo, amor, cuidado, carinho, compreensão e proteção.

Deus quando fez o homem o criou para ser feliz e realizado. Mas o pecado, que é literalmente errar o alvo, o desvirtuou e o colocou fora de rota e de rumo. E, portanto perdido do caminho traçado por Deus. Assim, tal sensação de "estar perdido" ou seja esse "senso de perdição" produz no homem não necessariamente um "amor ao erro", mas sim uma busca desenfreada, compulsiva e desesperada pelo caminho da felicidade, na maioria das vezes nos lugares, pessoas e circunstâncias equivocadas. Tais pessoas precisam de quem se arrisque a amá-las e não a criticá-las.

Quando olhamos para essas pessoas, as que erram desse modo, com um olhar de compreensão, carinho, tolerância, misericórdia, atenção e amor, nos tornamos, então, capazes não só de compreendê-las, como também de delas nos aproximarmos e assim, quem sabe, ajudá-las a retomar o caminho de volta para uma vida equilibrada, santa, correta e espiritualmente SAUDAVEL aos olhos de Deus.  Contudo, é preciso que quem se credencia a fazê-lo esteja também e de fato com a própria vida espiritualmente em dia. Isso significa estar em perfeita ordem diante de Deus para só então ser visto como referência não apenas pelas palavras como principalmente por sua própria vida.

A pessoa com a alma dolorida ou machucada precisa de muita compreensão, paciência, tolerância, carinho, amor e de uma orientação generosa para alcançar a cura. Não precisa  de “juízes acusadores”, pseudo-santos, que se achem espiritualmente superiores ou melhores, seres auto-santificados ou que se vejam um nível acima da pessoa a ser ajudada.

Bendito e agraciado é aquele que, ao tentar ajudar a um ferido de alma, se coloca no lugar do outro e consegue vê-lo como humano para tentar compreendê-lo e socorrê-lo, a partir da perspectiva deste e não da sua própria, ainda que não coadune com as suas práticas e escolhas. Mas, o que importa mesmo é que este alguém se torne capaz de ouvir ao ferido, ajudá-lo em amor e compaixão, como o fez Jesus tantas vezes.

Alguém que age assim, ao ajudar ao outro, é o ouvido ideal para se credenciar a ser a boca que trará cura para esta vida em desassossego existencial. Esforce-se um pouquinho mais e tente, amar, perdoar, aceitar, conviver, ouvir, orientar e ajudar ao seu próximo, até onde for possível, mas jamais, jamais mesmo, tente ocupar o lugar e a função que pertence somente a Deus: O de juiz! Desejo que você tenha dias vitoriosos e felizes n'Ele.


Teobaldo Pedro de Jesus - Teólogo, Educador e Psicanalista.

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