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As Lições do Filho Pródigo.
Autor: Teobaldo Pedro de Jesus
A narrativa do filho pródigo está entre as mais emblemáticas, interessantes, universais e humanas de todas as que são mais conhecidas pelo homem. Nela lemos sobre um homem rico que possuía dois filhos e o mais novo, cheio de desejos mundanos, decidiu reclamar a sua herança antecipada com o seu pai ainda vivo. E de tanto reclamar e insistir este atendeu ao seu desejo e lhe deu a metade de tudo o que possuía. Mal recebeu os valores e o rapaz caiu na estrada e caiu literalmente nos braços do mundo. Viajou a muitos lugares, experimentou de tudo o que o dinheiro pôde comprar e pensou ter muitos amigos. Até que um dia o dinheiro acabou e ele se viu só e abandonado.A sua única opção foi cuidar de porcos, algo que sua religião anterior cria ser imundo. Ali, no lamaçal dos suínos, ele se percebeu. Caiu em si, se arrependeu e retornou ao lar. E surpreso, foi recebido por seu pai com todo amor, honra  e perdão, sendo reinserido na herança. Porém, seu irmão o rejeitou e ardeu de inveja.

O que mais me fascina na história desse moço são três aspectos singulares. O primeiro é a postura do próprio rapaz completamente aprisionado pelo desejo de luxúria, busca incessante do prazer e auto-realização mundana que o cegou. A segunda coisa é a ação do pai que lhe facultou o direito de receber sua herança, sair, conhecer o mundo, descobrir a sua verdadeira essência podre, egoísta e má, para, quem sabe, se reencontrar consigo mesmo. E a terceira ação que impressiona é a do seu irmão que ficou em casa. Este, ao invés de se alegrar com o renascimento do irmão perdido, possuído de inveja e ressentimento reclamou com seu pai pela alegria com que o gastador fora recebido e desprezou ao seu irmão.

Ainda hoje há muito dessa história se repetindo todos os dias na vida de muitos de nós. Pessoas há que tendo muito e sendo verdadeiramente amadas, desprezaram tudo isso para atender à inclinação dos instintos básicos da carne ou cederam à influência e assédio de amigos, coisas que a Bíblia chama de pecado e o secularismo de “más escolhas”.

Terminologias à parte, quem se deixa contaminar pelo lodo do chiqueiro do mundo, precisa de gente disposta a lhes acolher, dar banho e ajudá-las a se tornarem limpas de novo. E não de gente que as pisoteei, acuse e as faça se sentir mais lixo do que sua própria alma, agora autoconsciente dos erros e culpada, já se sente por dentro.

Precisamos aprender muito com essa parábola. Aos que se encontram no erro a lição é esta: Nunca é tarde para você se arrepender e voltar correndo pra casa e os amorosos braços do Pai. E esses braços são os únicos verdadeiros a te acolher com amor sincero. Aos que se sentiram magoados pelo abandono e rejeição, sejam estes de que tipo forem, fica a lição do pai que não cansou de esperar e recebeu seu filho com os braços de amor e o envolveu no terno abraço do perdão que acolhe, não acusa e nem repele. E aos que se sentem aborrecidos quando há festa por alguém que “aprontou todas” e se arrepende buscando redenção, saibam que egocentrismo é fruto de egoísmo individualista, narcísico e, portanto, centrado em si mesmo. Alguém que age assim nunca compreendeu ou conheceu o verdadeiro significado do amor. E aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.

Fica a dica para nossa reflexão nas preciosas lições que nos brinda esse rico e maravilhoso texto de Lucas. Um abraço fraterno, perdoador e inclusivo pra você. Shalom.

Teobaldo Pedro de Jesus - Teólogo, Educador e Psicanalista.

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